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Pelo menos 30 cães são encontrados em situação de abandono em Teresina



Mutilação, envenenamento, agressão física, abandono e outros tipos de maus-tratos contra animais estão cada vez mais frequentes em Teresina (PI). Basta uma volta pelo Centro de Controle de Zoonoses da capital para a tristeza no olhar dos animais. Por lá a situação é mais alarmante. Pelo menos 30 animais chegam diariamente ao centro por meio da entrega voluntária ou são recolhidos nas ruas.
Em janeiro passado, foi registrada a entrega voluntária de 939 cães e destes apenas nove conseguiram adoção. Os demais foram submetidos à ‘eutanásia’. Entidades de proteção e amor aos animais cobram uma delegacia especializada para acolher os casos de maus-tratos e chamam atenção para a guarda responsável.
De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 20% dos animais domésticos vivem nas ruas das cidades. Segundo João Pereira, coordenador da equipe técnica de raiva e leishmaniose do Centro de Zoonoses, em alguns casos os animais recolhidos nas ruas ou entregues voluntariamente apresentam sintomas de doenças.
“Nós não temos estrutura para ficar com todos esses animais. Fazemos o teste da raiva e quando o resultado é negativo aquele animal é colocado para adoção, mas ele fica aqui por apenas 72 horas”, explica.

A cadela, que recebeu o nome de ‘Débora’, foi resgatada da rua após ser atropelada. Com duas patas fraturadas, ela foi levada por Daniela Ramos para a sede da Apipa. Ela não é a única no abrigo a ter passado por situações difíceis. Um cão da raça cocker spaniel chamado de ‘Capitão’ também foi resgatado pela Apipa, após a entidade receber a denúncia de que os tutores teriam amarrado o animal em uma árvore na praça do bairro Vermelha.

Em Teresina, a Associação de Proteção e Amor aos Animais (Apipa) recebe diariamente cães e gatos vítimas de abandono e maus-tratos. Atualmente o local abriga aproximadamente 400 animais, que sobrevivem de doações e da força de vontade das fundadoras da entidade. “Não temos mais o controle da quantidade de animais porque todo dia entra e sai cães e gatos aqui. Quase toda semana deixam caixas aqui na porta com gatos e, muitas vezes, eles trazem os bichos para cá só para terminar de morrer. Nesses casos os animais são envenenados e abandonados pelos tutores ou vizinhos”, relata Daniela Ramos, vice-presidente da Apipa.
“Quando encontramos o Capitão ele estava muito doente e com sarna. Isso talvez tenha sido o motivo para terem abandonado ele. Muita gente pega um animal para criar, mas não quer ter responsabilidade”, disse Daniela Ramos.
Em fevereiro, um cão da raça pit bul foi morto ao ser atingido por golpes de facão. O vizinho foi apontado como suspeito de ter cometido o crime que aconteceu após o cão ter saído pelo portão ao ver outro animal que passava pela rua. A tutora do animal chegou a entrar em casa para pegar a corrente e prender o animal, mas quando voltou ele já havia sido atacado. O caso foi parar na polícia.
Para Daniela Ramos, enquanto não houver uma delegacia especializada em crimes de maus-tratos contra animais, os agressores continuarão impunes. “Existem leis que preveem cadeia para os agressores, mas enquanto não houver uma delegacia para acolher esses casos, será muito difícil alguém pagar pelos crimes”, disse.
De acordo com o art. 32 da Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, pode gerar pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se o animal morre.
RinhasEm outubro do ano passado, o Ministério Público do Estado do Piauí, através da 30ª Promotoria de Justiça de Teresina, requisitou ao Delegado-Geral da Polícia Civil a instauração de inquérito policial para apurar denúncia feita pela Apipa de que estariam sendo realizadas na capital rinhas entre cães da raça pit bull.
“Nos casos em que conseguimos constatar os maus-tratos, os responsáveis são encaminhados para a Central de Flagrantes. Daí o caso fica com a delegacia da área”, disse o sargento Lourival França, do Batalhão de Policiamento Ambiental.

“É preciso ter uma educação sobre a guarda responsável de animais e de políticas públicas, voltadas para a castração como ferramenta usada para o controle populacional de animais. Penso que só posso cobrar alguma coisa de alguém se dou condições a ela de não fazer aquilo. Muitas pessoas abandonam animais por não saberem o que fazer para evitar crias ou não têm condições de dar tratamento veterinário”, disse.Para Socorro Véras, fundadora da ONG 7 Vidas, com sede em Parnaíba, no Litoral do Piauí, a criação de uma delegacia é importante, mas ela acredita que é preciso haver uma mudança cultural.
Desde que foi fundada, em novembro de 2011, até fevereiro de 2013, a ONG 7 Vidas resgatou quase 300 animais na cidade de Parnaíba e destes 221 receberam tratamento veterinário.
“Muitos animais vieram a óbito por terem sido encontrados debilitados (anemia e desidratação profundas) ou tiveram que ser eutanasiados, por estarem com o quadro clínico irreversível, causando sofrimento – é o caso de doenças como cinomose e leishmaniose em cães”, lembra Socorro.
A ONG 7 Vidas conseguiu a adoção para aproximadamente 150 animais entre cães e gatos.
Castração

As duas entidades defendem ainda a castração dos animais com a finalidade de diminuir a quantidade de cães e gatos abandonados. Em Parnaíba, a ONG 7 Vidas conseguiu firmar uma parceria com uma clínica veterinária para fazer a esterilização econômica.
No entanto, apesar do valor cobrado pelo procedimento oferecer desconto, nem todos têm condições de pagar pela esterilização. De novembro de 2011 até fevereiro de 2013, foram realizadas cerca de 200 castrações econômicas. Os gatos conseguem prioridade na fila, já que são os mais abandonados e pouco adotados.
Para o futuro, a ONG 7 Vidas tem o objetivo de construir uma clínica veterinária específica para castração gratuita de cães e gatos. “Já temos um planejamento para isso”, disse Socorro.
A entidade está tentando conseguir junto ao Ministério da Justiça o título de Organização Social Civil de Interesse Público (OSCIP), para que possa firmar convênio com o poder público. A primeira parceria seria firmada com a Prefeitura de Parnaíba para a implantação do projeto intitulado ‘Programa Permanente de Castração de Cães e Gatos’.
“Nosso principal objetivo é provocar uma mudança cultural em Parnaíba, conscientizando as pessoas que a solução para diminuir o abandono é a esterilização dos animais. Assim, evitam-se crias indesejadas e o abandono de filhotes”, explica Socorro Véras.
Assistência
Mesmo com uma boa divulgação nas redes sociais, as entidades não conseguem levantar o material que precisam para manter os animais no abrigo. Ração, produtos de limpeza, despesas com veterinário e medicamentos, são as principais despesas das instituições.

“Nossa despesa mensal fixa é com 50 kg de ração para gatos, que custa em torno de R$ 360,00. Essa ração é distribuída nos lares temporários onde temos gatos. Hoje, estamos com uma média de 40 gatos em lares temporários, esperando por adoção. Parece ser pouco, mas para a gente que corre atrás desse dinheiro, é uma preocupação. Tem dias que estamos sem nenhum dinheiro na conta para cobrir o cheque da ração dos gatos”, relata a conselheira fiscal da ONG 7 Vidas.

Para colocar um cão saudável para doação, por exemplo, o custo do tratamento pode chegar a R$ 300. Quando o animal está doente, o valor sobe para R$ 600. O custo é referente ao atendimento veterinário, vacina, vermifugação, além de outros exames. Muitas vezes esse dinheiro sai do bolso dos próprios defensores.
Na Associação de Amor e Proteção aos Animais (Apipa), a situação financeira não vai bem. As contas de água e energia atrasadas se somam ainda aos débitos em várias clínicas veterinárias. A entidade conta apenas com doações e usa as redes sociais para divulgar algumas ações e pedido de apoio. Nesta semana foi lançada a campanha SOS Apipa, na qual a associação pede ajuda para pagar os seus funcionários.
“São muitas as despesas e nós contamos apenas com doações. Já tentamos convênio com o Governo do Estado, mas precisamos quitar as contas e regularizar a documentação. Enquanto não vencemos essa burocracia, a situação é essa”, disse Daniela, vice-presidente da Apipa.
A ONG 7 vidas também utiliza o perfil nas redes sociais para divulgar suas ações, além de pedir ajuda para as despesas da instituição. Mas, boa parte dos pedidos da ONG chamam atenção para os animais disponíveis para adoção.
Fonte: G1

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