About Me

header ads

Jornal inglês denuncia RSPCA por sacrificar milhares de animais saudáveis



O jornal inglês The Mail publicou no dia 29 de dezembro uma grave denúncia. A Sociedade Britânica de Prevenção à Crueldade Animal (RSPCA) mata aproximadamente metade dos animais que resgata a cada ano por motivos que não são baseados em critérios veterinários.

A associação sacrificou 53 mil animais só no ano passado – 44% do total de animais resgatados -, o que leva a pensar que a entidade gasta muito tempo administrando casos de negligência e crueldade e não gasta tempo suficiente para encontrar novas casas para os animais. 

 A RSPCA afirma que a grande maioria dos animais foram sacrificados para encerrar o sofrimento que passavam, mas admite que só no ano passado 3.400 deles foram mortos por razões não-veterinárias, como falta de espaço em canis e gatis. 

 Em 2009, a RSPCA, uma das maiores entidades de caridade do Reino Unido e que recebe ao ano 120 milhões de libras em doações (quase R$ 400 milhões), parou de aceitar animais abandonados e rejeitados pelos tutores. 

 O número de animais que arrumaram casa caiu de 70 mil em 2009 para 60 mil no ano passado, enquanto o número de mortes aumentou 20%. Os dados levantados nos últimos cinco anos mostram que 46% de todos os animais resgatados neste período foram sacrificados. 

 O jornal trouxe ainda uma testemunha que levanta a preocupação, negada pela RSPCA, de que a entidade mata mais animais saudáveis que o necessário. 

 A ex-inspetora da entidade, Dawn Aubrey-Ward, que trabalhou na organização de 2008 a 2010, disse ter se deparado com inúmeros exemplos de animais mortos devido à falta de um lugar para abrigá-los. 

“Se não havia uma sala próxima à RSPCA ou em alguma outra instituição de caridade, nós deveríamos sacrificá-los”, confessou. 

 A RSPCA insiste que matar os animais é sempre a “última saída”, mas o jornal The Mail encontrou outras pessoas que questionam os métodos utilizados. 

O veterinário David Smith, que trabalhou na organização por 12 anos, disse: “A RSPCA parece ter perdido de vista seu papel como instituição de caridade, criada para ajudar as pessoas e os animais.” 

 Nos dois últimos anos, denúncias contra a entidade aumentaram de 2.579 para 3.114. No ano passado, Georgina Langley, de 67 anos, teve sua casa invadida pela RSPCA e cinco dos 13 gatos dela foram mortos. A entidade a acusou de negligência, mas David Smith ficou do lado dela. Ele enviou dois dos corpos dos gatos ao Royal Veterinary College, uma escola veterinária de Londres, para uma avaliação post-mortem. “Não foram encontradas boas razões para que a RSPCA permitisse que os animais fossem sacrificados. A análise concluiu que os gatos eram saudáveis, sem sinais de alimentação incorreta ou problemas com pulgas ou outras doenças. Eles foram muito precipitados com uma senhora idosa”, disse Smith. 

 E completa: “Quando eu comecei a trabalhar para a RSPCA, os inspetores dificilmente acionavam os tutores. Era mais para ajudar as pessoas a tomar conta dos animais. Eles iam e checavam se os tutores tinham como tratar uma infestação de pulgas, etc. Isso nunca aconteceria nesta época. Hoje eles sempre parecem querer processar as pessoas, não importa por qual motivo, e eu ouço a mesma história de outros veterinários”, completa Smith. 

 Após três dias de julgamento, em maio de 2012, a RSPCA tirou 11 das 13 acusações contra a senhora, mas ela foi considerada culpada por falhar em oferecer tratamento veterinário rápido o suficiente para dois dos animais. 

 Um representante da RSPCA disse: “Cinco gatos foram sacrificados com base em uma recomendação veterinária. A razão pela qual tiramos esses gatos da propriedade desta senhora foi devido às condições em que eles estavam. Era algo apavorante.” 

 Outro ex-funcionário da RSPCA, Angela Egan-Ravenscroft, compartilha das dúvidas de Aubrey-Ward em relação à entidade. 

 Egan-Ravenscroft foi coordenadora do braço de Londres da RSPCA entre 1990 e 2000. Decepcionada com a forma como a entidade estava sendo conduzida, ela deixou o emprego e foi trabalhar na Countryside Alliance. “Animais saudáveis, adaptáveis e com possibilidades de encontrar um lar eram sacrificados e eu não queria ser parte de uma organização que fazia aquilo”, disse. “A RSPCA perdeu seu rumo e todas as razões pela qual foi criada foram subvertidas. A base de tudo, o bem-estar animal, não existe mais.” 

 Um porta-voz da RSPCA afirma: “Absolutamente não é verdade que a RSPCA rotineiramente sacrifica animais saudáveis. Nós sim os sacrificamos quando é o melhor para eles. Ninguém que trabalha para a RSPCA quer eutanasiá-los, mas esta é uma triste realidade do trabalho que fazemos. Embora a tendência esteja em declínio, a RSPCA às vezes precisa sacrificar alguns animais porque eles não encontrarão bons lares.” 

 Entretanto, nem todas as entidades pensam que seja necessário matar animais saudáveis. A Dog Trust, por exemplo, ainda resgata animais abandonados, mas se recusa a abater quando eles estão saudáveis.


Postar um comentário

0 Comentários